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Vozes

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Quantas viagens dentro de mim mesmo? São efeitos da droga? Não, são choques de realismo.

“Ah, meu Deus! Esqueci meus documentos! E o lenço também.”

“Cuidado! Você é pequeno demais.”

“Cuidado, rapaz! Você está indo longe demais!”

“Vem cedo, ops, é tarde!”

“Me ama, me dá um tempo, só por um momento?”

“José! José! E agora, José?

Casa, pão, chuveiro, cama.

“Ah, me ame!”

“Cuidado, rapaz!”

Assunto encerrado.

“José, eu te trouxe pão com mostarda.”

“Obrigado, sem fome.”

“Eeei, cuidado menino! Você só tem trinta anos e pode se machucar!”

“Não há o que perder, o que tinha para perder, eu já pus fim. Não, eu quero sonhar! Viajar, amar, ter filhos, sim, sim, sim, ser feliz!”

“Fim de linha, José.”

Casa, pão, chuveiro.

Eu tô confuso, é a droga? A droga da vida que insiste em me encurralar.

"Mas ela está tão boa! Olhe, você tem:"

Casa, pão.

“José, não vá por aí, cuidado! Eu já fui...”

Casa.

“José, escute: Há que se ter esperança, há que se ter boas lembranças, rapaz, escute, ouse, vá por aqui, não, não, vá por ali, ei, José? Aonde você foi? José?”

.

- Eu só queria dizer que te amo.


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